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sobre obesidade infantil

O time ECO kids teve o prazer de entrevistar a nutricionista Natália Ramos, membro do grupo de pesquisa em Biologia do Esporte e mestranda do Programa de Pós-graduação em Ciências da Atividade Física da EACH-USP. A nossa conversa está cheia de informações que podem auxiliar os pais no melhor entendimento da obesidade infantil, na realização de uma alimentação adequada e no desenvolvimento de um estilo de vida saudável na infância que permaneça ao longo da vida. Confira a seguir.
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Como identificar uma criança que está acima do peso?
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Existem diferentes maneiras de identificar o excesso de peso nas crianças. A mais comum é a pesagem e verificação da estatura, e em seguida calcular o Índice de Massa Corporal (IMC), seguindo os indicadores para avaliação do crescimento propostos pela Organização Mundial de Saúde. Uma outra forma, não tão precisa, é observar a presença de gordura abdominal em excesso, que pode ser um indicador de obesidade, ou observar o nível de disposição da criança, como por exemplo, se ela costuma cansar muito rápido durante exercícios simples como subir escadas ou fazer pequenas caminhadas. Adicionalmente, é importante que os pais fiquem atentos aos hábitos alimentares dos filhos, observando as quantidades e qualidade dos alimentos que estão sendo ingeridos, além da velocidade da mastigação. Portanto, é necessário estar atento aos sinais e fazer o acompanhamento da criança com o pediatra e nutricionista regularmente, para que um especialista possa avaliar o conjunto de fatores envolvidos na definição do peso ideal da criança.
Nutricionista Natália Ramos
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Quais os fatores que contribuem para o desenvolvimento da obesidade infantil?
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Diversos fatores podem causar a obesidade na infância e adolescência, tais como, alimentação hipercalórica (rica em açucares, gorduras e alimentos ultraprocessados) associada com baixo gasto de energia (pouca ou nenhuma atividade física), trazendo como resultado o desequilíbrio calórico, que por sua vez provoca ganho de peso e de gordura corporal em excesso. Outros fatores se relacionam com o processo de desenvolvimento da doença, incluindo o peso materno pré-gestacional, o ganho de peso gestacional, o fumo durante a gestação, peso ao nascer, o desmame precoce e a introdução inadequada de alimentos complementares, além do emprego de fórmulas lácteas incorretamente preparadas. Além disso, o estilo de vida da mãe durante a fase inicial da vida da criança, tempo de uso de telas como TV, celulares, tablets e computadores, sono insuficiente, ansiedade, depressão, fatores socioeconômicos e genéticos estão relacionados com o desenvolvimento da obesidade.
Nutricionista Natália Ramos
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O que significa dizer que uma criança come errado?
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O termo “comer errado” está relacionado com o alto consumo de alimentos ultraprocessados e pode estar associado com a recusa alimentar. Muitas vezes os pais ou responsáveis oferecem uma alimentação balanceada que não é aceita pela criança, e na intenção de não a deixar com fome ou sem comer, os pais optam pela oferta de alimentos pouco nutritivos como pão, macarrão, doces, entre outros alimentos industrializados. É importante ressaltar que a criança segue exemplos e consome os alimentos oferecidos pela família. Se ela recusar a refeição, o ideal é não substitui-la por algum alimento de sua preferência, mas sim esperar um tempo e, se perceber que a criança está com fome, preparar um novo prato com a comida que foi oferecida na refeição recusada ou então esperar o horário da próxima refeição.
Nutricionista Natália Ramos
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Quais estratégias podem ser usadas para estimular o consumo de frutas e legumes pelas crianças?
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As crianças começam a expressar as suas escolhas ou recusas alimentares desde muito cedo. Então, para incentivar o consumo destes alimentos, é importante envolver o quanto antes as crianças nas escolhas, na preparação e na apresentação dos alimentos. Montar um prato com apresentação atraente para que a criança se sinta motivada a comer pode ser uma estratégia interessante. Além disso, permita, sempre que possível, que ela ajude a preparar as refeições, crie formas diferentes para apresentar os alimentos, ofereça os pedaços de fruta em saladas e espetinhos, aproveite os dias mais quentes para fazer versões geladas como picolés ou raspadinhas. Sempre explique a importância do consumo dos legumes e das frutas e o motivo deles estarem naquela preparação, e o principal, dê o exemplo, consuma os mesmos alimentos que estão sendo oferecidos à criança.
Nutricionista Natália Ramos
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O elevado consumo de alimentos ultraprocessados pode ser um dos
determinantes de carências nutricionais nas crianças?
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Sim, os alimentos ultraprocessados possuem composição nutricional
inadequada, com excesso de açúcares, gorduras totais, trans, saturadas,
sódio, baixa quantidade de fibras, proteínas, vitaminas e minerais. O consumo
desses alimentos em excesso está associado com as desordens metabólicas e
nutricionais, alterações antropométricas, laboratoriais e aumento na incidência
de obesidade. Devido a isso, são necessárias ações para diminuir o consumo
de alimentos ultraprocessados e barrar o progresso da obesidade na infância e na adolescência.
Nutricionista Natália Ramos
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Quais as providências devem ser tomadas pelos pais de crianças com
sobrepeso e obesidade?
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Após o diagnóstico de sobrepeso ou obesidade feito por um médico ou nutricionista, os pais devem promover mudanças no estilo de vida da criança. Pode começar pela alimentação, oferecendo alimentos variados e feitos em casa, de preferência naturais, ricos em fibras, como frutas, legumes, verduras e cereais integrais (arroz integral, macarrão integral, pães integrais), pois as fibras auxiliam na saciedade. Devem evitar alimentos industrializados como refrigerantes, sucos em pó, sucos de caixinha, bolacha recheada, bolinhos de pacote, iogurtes com sabor, balas, gelatinas, salgadinhos, macarrão instantâneo, nuggets, entre outros, pois são alimentos com grande quantidade de açúcar adicionado, sódio e gorduras. É importante que toda a família participe e esteja motivada com a criança, para que ela não se sinta excluída da alimentação familiar. Além disso, é fundamental a família criar um ambiente que apoie a saúde, com oportunidades para a criança praticar atividades físicas e ter hábitos saudáveis, e construir uma relação de respeito, para que a criança se sinta acolhida e segura em seu lar. Vale à pena lembrar que a adaptação ao novo estilo de vida deve ser feita de maneira gradativa, sempre com acompanhamento de um profissional.
Nutricionista Natália Ramos
Entrevistada: Nutricionista Natália Ramos
Contato profissional: nataliaramos@usp.br
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